Venâncio, cujo nome era Marcos Cavalcanti de Albuquerque, nasceu em Recife, no dia 07 de outubro de 1909. Começou sua carreira artística cantando cocos na região do Recife. Em 1928, conheceu Manuel José do Espírito Santo, o Corumba. A dupla Venâncio e Corumba teve longa duração, e tinha por característica misturar elementos da música sertaneja nordestina com outros da música caipira do sul. Eles se apresentavam na rádio Clube de Pernambuco por onze anos. Nos anos 40, mudaram-se par o Rio de Janeiro. Em 1950, gravaram o primeiro 78 rpm. Nesse período, foram para São Paulo como integrantes do elenco de uma peça teatral, e acabaram contratados pela Rádio Nacional. Em São Paulo, montaram uma produtora que empresariava vários artistas, com o curioso nome de “Venca Produções”. Venâncio era ativista das causas nordestinas em São Paulo, e militava contra o preconceito e em favor da valorização da cultura do nordeste. Ele foi até presidente da Associação de Repentistas, Poetas e Folcloristas do Brasil. A música mais importante da carreira da dupla é “Último Pau-de-Arara”, que foi muito regravada, por grandes intérpretes da música brasileira, tais como Ari Lobo, Catulo de Paula, Quinteto Violado, Clara Nunes, Fagner, Maria Bethânia, Vanuque, Jair Rodrigues, Sérgio Reis, Zé Ramalho, Gilberto Gil, Teca Calazans, Caju e Castanha, Heraldo do Monte e Carmélia Alves, apenas para citar alguns. A dupla acabou em 1968. Curumba seguiu carreira de empresário, e Venâncio continuou atuando como compositor. Em 1977, ele formou o grupo “Venâncio e os Baianos de Aracaju”, que gravou um único disco, exatamente esse da postagem de hoje. Foi o último LP gravado por Venâncio. As composições de Venâncio são geniais, e exaltam o Brasil, seus lugares, sua cultura e o sentimento de ser brasileiro. Ele inclusive cita nomes de compositores, músicas, danças e lugares. Interessante é a faixa 3 do lado A (Rio Antigo), que faz referência a vários locais do Rio, e o refrão (na glória) é tirado do choro de mesmo nome, de autoria de Ary dos Santos e Raul de Barros. É divertidíssima a faixa 1 do lado B (O ensaio), que conta a história de um grupo musical que não deu certo. Brasil Caboclo, de Oliveira Francisco de Melo e João Quindingues, é lindíssima. De fato, esse disco é para ser ouvido inteiro, sem pular faixas.
Lado A
1- Brasil Caboclo
(Oliveira Francisco de Melo – João Quindingues)
2- Segure a louça
(Venâncio – Guriatã de Coqueiro)
3- Rio de ontem
(Venâncio – Pechincha)
4- Frei Damião
(João Rodrigues - Carlos Magno)
5- Prece ao vento
(Gilvan Chaves – Fernando Luiz – Alcyr Pires Vermelho)
6- Cavalo do cão
(Clovis Cavalcanti – Venâncio)
Lado B
(Talismã – Getúlio Dórleans)
2- João Crioulo e Maria Mulata
(Venâncio – Pechincha)
3- Baião da viola
(Venâncio – Curumba)
4- O índio
(Clovis Cavalcanti – Venâncio)
5- Balança esse menino
(Clovis Cavalcanti – Venâncio)
6- Zé de Olinda
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