Clementina de Jesus é um dos patrimônios mais valiosos da música brasileira. Nascida em Valença, no Rio de Janeiro, em 1902, Clementina foi herdeira direta de um vasto conhecimento tradicional sobre o samba rural da região fluminense. Acredita-se que Clementina seja descendente de negros bantos. Primeiramente, porque a região onde nasceu, recebeu para trabalhar nas lavouras, muitos negros bantos. Em segundo lugar, o repertorio que ela trazia de memória, formado por cantigas aprendidas na infância, com sua mãe, e que Clementina cantou por toda a vida, era repleto de jongos e curimas em que vários vocábulos de origem banto estavam presentes. Além dessas canções antigas, Clementina cantou muito samba, porque o lugar que viveu foi onde surgiram as primeiras comunidades negras cariocas, como Mangueira, Salgueiro, Serrinha, entre outros. O pesquisador e sambista Nei Lopes afirma que Clementina foi “uma esplêndida cantora que teve seu trabalho de maior expressão construído através da recriação de cantos da da tradição rural, afirmando-se, assim, como uma espécie de elo perdido entre a ancestralidade musical banta e o samba urbano, espinha dorsal e corrente principal da música popular brasileira”. Clementina trabalhou por quase toda a vida como empregada doméstica, até ser descoberta por Hermínio Bello de Carvalho, na década de 1960. O primeiro disco foi gravado em 1966, com 63 anos. Esse disco, produzido por iniciativa do Museu da Imagem e do Som, gravado em 1970, foi o segundo da carreira de Clementina. Ele traz várias músicas tradicionais, que evocam nossa ancestralidade negra. Clementina morreu em 1987, sem muito dinheiro, porém com muito reconhecimento. Ela figura, sem dúvida, entre as maiores vozes da música brasileira.
1- Vai saudade- Samba (Candeia-David do pandeio)
2- Deus vos salve a casa santa – Moda (Folclore)
3- Três corimas: Ogum megê/Bendito louvado, ó Ganga/Lá no mato tem ganga (Folclore)
4- A Maria começa a beber – Batucada (Folclore)
5- Tomé – Batucada (Folclore)
6- Sei lá, Mangueira – Samba (Paulinho da Viola, Hermínio Bello de Carvalho)
Face B
1- Beira Mar- Corima (Folclore)
2- Duas Modas: Trancelin/A velha do acarajé (Folclore)
3- Sereia – Corima (Folclore)
4- Cercar paca – Jongo (Folclore)
5- A coruja comeu meu curió – Batucada (Folclore)
6- A Mangueira é lá no céu – Samba (Maurício Tapajós- Hermínio Bello de Carvalho)
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Um comentário:
Sua Majestade, Excelência da voz gutural do canto/herança de um povo
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