1980 - Porta Retrato
" Nasci no meio dum amontoado de crianças. Eu era o 7º da vêz, entre 12 machos e fêmeas.
Sou do Ano de 36. Meu pai era mecânico de fordinho e minha mãe, dava comida e banho na gente, além de arrumar a casa simples. A Cidade era São Joaquim da Barra, perto de Ribeirão Preto, no caminho de Brasília, via Anhanguera. Sou paulista da velha Mogiana.
Sou do Ano de 36. Meu pai era mecânico de fordinho e minha mãe, dava comida e banho na gente, além de arrumar a casa simples. A Cidade era São Joaquim da Barra, perto de Ribeirão Preto, no caminho de Brasília, via Anhanguera. Sou paulista da velha Mogiana.
Quando eu tinha 2 aninhos e minha mãe carregando mais um no colo, a gente se arranchou todo mundo, na cidade de Guaira, alí pertinho. Ficamos por aquelas bandas de poeira, até o final da guerra. Lá garrei a cantar em dueto com meu irmão modas de viola, toadas e canções.
Arribamos de novo, volteando a região, até fincarmos pé na velha terrinha. Óia eu em São Joaquim, de novo. Com 16 anos, resolví arribá sozinho. Agora pra Capital. São Paulo da garoa.
O que é que um menino de 16 pode esperar na grande Capital cheia de bonde, jardineiras e fumaça, já naquela época?
Foi cabeçada pra cá, trombada pra lá, alguns servicinhos de sapateiro, garçon, frentista de posto de bera-de-estrada e por aí vai. Completei 18 anos. Idade que se presta para servir a Pátria amada. Fui para o exército. Quitaúna, em Barueri.
Lá Aquartelado, fiquei o que mandava a lei. 1 ano. O suficiente para tomar-pé, na morte do Presidente Getúlio Vargas. Aliás, o suicídio desse velho gaúcho, só serviu mesmo, para adiar a minha baixa do exército que já tava programada, além de "bagunçar o corêto" da Nação, é claro. (1955)
Mas, não faz mal. Saí de lá com a cara e a coragem para topar de frente com a minha carreira de artista, que era o que eu imaginava ser no futuro, pois nessa arte de cantar, tocar viola e violão, eu já tinha experimentado de tudo.
Desde as modas mais simples da época, até os sambas e canções dos cantores mas famosos: Chico Alves, Orlando Silva, Carmen Miranda, Noel e tantos outros. Na parte caipiresca eu ouvia o Alvarenga e Ranchinho (com quem fiz dupla naGlobo em 81), Jararaca e Ratinho, Xerém e Bentinho... e muito rádio ... muito rádio e alto-falantes das pracinhas de interior.
Com a experiência de cantadô inato, e contadô de "causos", era justo que eu tentasse essa vida.
Com 20 anos ou 21, garrei a fazer teste em Rádios da capital. Rádio São Paulo, Record, até chegar na velha Rádio Tupi que já tava engatinhando com uns anos de televisão. Era o ano de 1958.
Fiquei mostrando os dentes pelos corredores, fazendo um pouquinho de tudo, até assinar o primeiro contrato para atuar como ator de TV e Rádio. Até que enfim, acreditam que aquele "Capiau" magrela e desajeitado poderia ser um artista de verdade? "
* Texto retirado do site do artista www.rolandoboldrin.com.br
Eis Rolando Boldrin. Um dos maiores poetas da música caipira, e porque não da música brasileira? . Contador de causos e compositor de primeira. Apesar de constar no site dele que este disco é uma coletânea de sucessos, as faixas deste LP são as mesmas do primeiro LP de 1974. Destaque para as belíssimas Chico Boateiro, Musa Caipira e Capoeira do Arnaldo. Esta última, de Paulo Vanzolini, também ganhou uma versão de Ary Lobo, forrozeiro do Pará.
Um comentário:
Quem olha para aquele apresentador da Tv Cultura, nem imagina que um dia o homem era famoso como cantor. Que coisa heim?! Pois é, por isso que de vez em quando ele solta umas cantigas lá. Do fundo do báu esse bolachão. Com boas músicas. Bela postagem
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